quarta-feira, 29 de abril de 2009

E24


E24 é uma mistura de documentário e reality (docu-reality). O programa estreou dia 14 de abril e vai ao ar todas as terças-feiras às 22h30 pela Band e é uma parceira da emissora com a Cuatro Cabezas, mesma produtora do CQC.

O tema do programa são as ocorrências dos hospitais e seus prontos-socorros.

Dentro deles a equipe do E24 acompanha a ação dos médicos e enfermeiros nas salas e corredores diante das emergências que não param de chegar.

Do lado de fora, ao lado das ambulâncias e bombeiros, as câmeras (há de se salientar a boa edição do programa que contribui para a agilidade do mesmo) registram os paramédicos na luta pela vida.

Nos dois casos, a competência é fundamental e cada minuto é precioso.

“O programa conta essas histórias através de uma estética diferenciada, numa abordagem de realidade que se aproxima do documentário”, diz Elisabetta Zenatti, diretora artística e de produção da Band.

E as histórias não param de acontecer, principalmente em uma cidade como São Paulo, onde somente o Corpo de Bombeiros atende a cerca de 400 ocorrências por dia. Já o SAMU - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - registra cerca de 30 mil casos por mês.

“Já captamos cerca de mil e duzentas horas de gravação. Cada caso tem sua carga de drama, emoção, tensão, alegria, alívio e dor das vítimas, médicos e familiares. Muitas vezes o E24 acompanha o paciente desde a entrada no Pronto Socorro até a sua volta para casa. Há histórias em que também é possível fazer uma abordagem de prevenção”, diz Elisabetta.

No E24, não há apresentadores, nem narração em off, nem repórteres na frente das câmeras e isso é o que causa o diferencial. O que se vê na tela é uma sucessão de fatos, registrados no momento em que acontecem e explicados pelos próprios protagonistas: “O curioso é que os profissionais que aparecem no programa acabam se tornando conhecidos do público; viram personagens e até heróis de histórias reais”, ressalta a diretora da Band.

Um fator importante que Elizabetta também destaca é que “o foco não é a desgraça, mas o heroísmo, os médicos, os familiares, o esforço para salvar vidas”.

Acredito ter sido este um tiro (sem trocadilhos) certeiro da Band. O reality show surpreende como dito anteriormente, com sua edição ágil e a forma crua com que mostra a rotina dos prontos-socorros de hospitais públicos e dos resgates do Corpo de Bombeiros.
A trilha sonora, que poderia ser piegas e apelar para o sentimentalismo, é sóbria e contribui apenas para reforçar o clima de urgência dos atendimentos. Além disso, sem nenhum constrangimento, as câmeras mostram sangue, ossos quebrados e detalhes de cirurgias. Porém, em nenhum momento E24 é sensacionalista. As cenas são necessárias. Como mostrar a rotina de um pronto-socorro sem isso? Não há qualquer apelação.

No entanto, a emissora vem sofrendo pressões de autoridades ligadas à saúde e à segurança pública a não exibir a atração, segundo o colunista Flávio Ricco.

Agora é esperar pra ver onde isso tudo vai dar e torcer pra que uma atração de qualidade, visto as péssimas atrações da TV aberta, não seja tirada do ar em detrimento de um falso moralismo disfarçado que muitos negam existir neste país.

sábado, 25 de abril de 2009

Dois nobres sentimentos (ou: a raiva e a vingança)

"Apesar de dizerem que não se deve viver com raiva no coração, sentir raiva é estimulante, e, se alguém fez uma coisa contra você, nada mais saudável do que odiar essa pessoa. Odeie muito e, se possível, verbalize seu ódio. A raiva evita infartos, gastrites, úlceras, e pessoas normais às vezes sentem ódio do marido, dos filhos, do pai, da mãe, do amigo, do chefe, da empregada e do mundo em geral – o que é ótimo, pois só os que sentem muita raiva são capazes de amar muito. E é aí que, às vezes, entram as vinganças, que são sempre por justa causa – ou você já quis se vingar de alguém que te mandou flores?
Eu, na verdade, sou de raivas violentas, mas de poucas vinganças – apesar de saber que desde o começo da humanidade vingança é coisa de mulher; inveja do pênis, inveja da mãe, que dorme com sua primeira paixão, o pai – e tome vingança.
Nem todas precisam ser feitas por nossas próprias mãos: às vezes a vida se encarrega disso, e a gente ainda pode achar que tem superpoderes mentais. Dar a outra face é patético e, cá entre nós: olho por olho é bem mais gostoso. Desde que o mundo é mundo, mulheres são melhores vingadoras do que homens, e qualquer uma sabe preparar, com suprema maestria, um míssil de maldades para o filho levar no fim de semana que vai passar com o pai e a nova mulher.
Mas atenção: não se deve confundir vingança, que é uma resposta a alguma coisa concreta e imperdoável que fizeram contra você, com inveja; inveja porque a outra é mais magra, mora no apartamento que você queria ter, namora os homens que você queria namorar. A inveja é um sentimento humano que não provoca vingança, necessariamente.
Alguns dizem que existe inveja boa e inveja ruim, será? As minhas são, todas, escandalosamente péssimas.
Vamos aos exemplos:
Eu tenho uma amiga que brigou com a síndica do prédio porque esta resolveu botar uma fechadura na portaria, outra na porta do elevador (no térreo) e outra nas portas do elevador, em cada andar – todas diferentes. Depois de anos de discussão sobre o absurdo da coisa, e sem resultado, sabe o que fez minha amiga? Desceu, na calada da noite, com dois tubos de Araldite, misturou as colas e entupiu a fechadura da porta do elevador (a do térreo). Grande confusão, uma assembleia extraordinária foi convocada, falaram horrores sobre o vandalismo de quem havia praticado tal ato (e minha amiga apoiou com veemência). A fechadura foi trocada, e ela repetiu a façanha. Isso aconteceu seis ou sete vezes, até que desistiram. Acho esse tipo de vingança um primor, a ser copiado e até aperfeiçoado, se for o caso.
Outra amiga tinha um namorado, e uma vadia resolveu dar um jantar e convidá-lo. Nesse dia, ela botou seu vestido mais sexy, fez o namorado beber bastante e se esquecer do mundo. Quando acordou no dia seguinte, ele se sentiu – com razão – o último dos gentlemen. Minha amiga, muito gentil, disse que ele deveria mandar umas flores, e até se prontificou a ir comprar, já que o namorado, de ressaca, não tinha condições. Com o cartão (escrito por ele) na bolsa, ela foi ao florista em frente ao cemitério e escolheu um buquê de palmas-de-santa-rita tingidas de azul-turquesa, o que sepultou qualquer intenção que a a outra tivesse em relação a ele; pode ser melhor?
Como sou muito sincera e honesta mas estou com a memória fraca (para o que não me interessa), devo dizer, a bem da verdade: não tenho certeza se essas histórias se passaram com uma amiga ou comigo mesma, o que, aliás, é irrelevante: pelo tempo, elas já prescreveram.
Existem também outros tipos de vinganças, a maior parte das quais dirigidas às piranhas que se engraçam com seu namorado, com seu ex-namorado, ou com qualquer homem que você pensou em namorar um dia. Nesses casos você não só pode como deve, distraidamente:
*grudar um chiclete na nova bolsa (Fendi) dela que custou 1 500 dólares;
*deixar um recado na secretária eletrônica convidando para uma grande festa a que todo mundo está louco para ir; como o nome dela não estará na lista da porta, ela será barrada;
*indicar um lugar maravilhoso na periferia onde se podem comprar roupas de grife por um preço ínfimo – e dar o endereço errado;
*dizer, com muita gente em volta: “Sua plástica ficou maravilhosa”;
*lembrar, na presença do novo namorado dela, da noite em que ela bebeu demais e teve que sair carregada; mas isso tem tanto tempo, foi nos anos 50 – lembra, meu bem?

Se nada disso aplacar seu ódio, fure o olho dela – sempre haverá alguém que vai compreender. Eu, por exemplo.
E tem a melhor de todas, que é a vingança construtiva. É aquela que te faz pensar: “Ah, é? Pois agora ele (ou ela) vai ver”, e a partir daí conseguir vitórias extraordinárias no trabalho, na vida afetiva, na aparência física, e chegar ao sucesso, enfim – ou à paz total. Quem foi que disse que viver bem é a maior vingança?"

( Danuza Leão em Na sala com Danuza )

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Andrea Busfield - a inglesa que descobriu Cabul



"Até o ano passado, eu morava em Cabul. Para o mundo exterior a capital do Afeganistão era uma cidade despedaçada, já que o Talebã havia voltado à cena com uma série de ataques suicidas. Todo mundo acreditava que a comunidade de expatriados estivesse vivendo com medo. Mas a liberdade era muito diferente. Cabul era divertida.


Ao se libertar do regime fundamentalista após o 11 de setembro, a capital pulsava vida e possibilidades. Homens jovens não mais escondiam rostos bonitos atrás de barbas do comprimento de um palmo, e mulheres podiam andar livremente pela cidade, estudar e trabalhar pela primeira vez em anos. Shopping centers surgiam por todos os lados, restaurantes ficavam mais sofisticados, bares abriam e funcionários de ONGs ocidentais chegavam aos milhares. O Afeganistão prometia oportunidades, salários sem impostos e animação.


Em 2005, virei editora do jornal quinzenal afegão Sada-e Azadi (A Voz da Liberdade) - publicação financiada pela International Security Assistance Force (Isaf), ligada à Otan. A premissa era simples: 16 páginas documentando o esforço de reconstrução, para encorajar apoio ao governo e seus patrocinadores militares. O trabalho era um meio para alcançar um fim - eu estava louca para me mudar para lá desde que fora enviada por um jornal britânico para cobrir a Guerra do Terror. O país é de tirar o fôlego de tão bonito e seu povo, orgulhoso, impetuoso e valente.


Eu sabia dos desafios que poderia enfrentar sendo uma ocidental em um país islâmico precariamente equilibrado entre a recuperação e a recaída. Tive o cuidado de respeitar os costumes e aprendi o idioma. Mas a maioria dos afegãos não era hostil com ocidentais. Quando os homens me olhavam, era por curiosidade, e não male-violência. Nunca me fizeram sentir indesejável ou vulnerável, e é por isso que recusei a hospedagem gratuita oferecida atrás dos muros com arame farpado da Isaf. Planejava passar ao menos dois anos no Afeganistão. E dividir um contêiner com outra expatriada não me pareceu ideal. Então contratei um motorista e um cozinheiro e aluguei uma casa em Wazir Akbar Khan, um subúrbio relativamente luxuoso que abrigava embaixadas, ONGs e bons restaurantes.


Quando me mudei, a primavera havia chegado, e eu estava mais feliz que nunca. Tinha um cachorro, Blister, uma casa de dois andares em frente a um restaurante tailândes, um empregado para cozinhar, um emprego decente e um celular que tocava o tempo todo com fofocas e convites. Cabul me deu uma vida com a qual nunca havia sonhado. O que não quer dizer que não tivesse suas dificuldades. A eletricidade era uma visita rara que aparecia durante cinco horas por noite a cada 48 horas, e o barulho de geradores era uma constante. Estando a 1.800 metros acima do nível do mar, os invernos eram exepcionalmente severos, chegando a -20ºC ao ar livre e -15ºC dentro de casa. Canos congelavam, descargas pifavam e o aquecimento era um perigo. Certa noite meu aquecedor a diesel explodiu, assutando os vizinhos, que acreditavam ter ouvido um ataque Talibã.


Quando a neve derretia, tudo mudava. No centro, a Chicken Street se agitava com os ocidentais negociando tapetes persas, lenços, chapéus pakoul e armas antigas. Nas minhas folgas, encontrava minhas melhores amigas - Frauke, 39, holandesa que trabalhava em uma ONG, e Rachel, 35, produtora da BBC. Almoçávamos no Le Bistro antes de passear pelas lojas para procurar lenços, túnicas e cosméticos, o tempo todo seguidas por crianças oferencendo serviços de carregadores de sacolas. Mas era quando o sol se punha e a chamada para a oração se extiguia que a cidade ficava mágica. Lojas enfeitadas com lâmpadas brilhantes conferiam às noites um ar festivo, o aroma do carvão em brasa das barracas de kebab viajava pelas ruas e Land Cruisers enchiam as avenidas, levando pessoas aos bares. À noite, trocávamos nossos lenços por decotes, colocávamos batom e íamos para nosso lugares favorito, o L'Atmosphère, o Gandamack e o La Cantina (o Afeganistão é um país islâmico, mas a proibição de bebidas alcoólicas se aplica somente a muçulmanos). Os principais assuntos entre mulheres eram cabelo, depilação e homens. A vida era normal. Mesmo em Cabul.


Um dia típico começava às 7h, quando era acordada com café por meu cozinheiro, Mohammad Sharif. Às 7h45, pulava no Toyota Corolla guiado habilmente por meu motorista, Sharabdin, pelos terríveis congestionamentos. Às 8h chegava à sede da Isaf e participava da "conferência" - uma reunião diária para emitir ordens e recontar incidentes hostis. Em seguida, começavam os trabalhos no jornal, mas como a publicação inteira podia ser escrita em dois dias, o tempo era geralmente gasto discutindo lugares para almoçar, indo tomas um café e planejando maneiras de deixar o escritório cedo.


Em maio de 2006, o governo afegãoassinou um toque de recolher após uma colisão fatal no norte de Cabul envolvendo um caminhão militar dos EUA. Na época, em vez de ter medo, a comunidadeficou irritada pelo horário limite de 22h para sair à rua. Felizmente, a novidade não durou, e depois de uma semana a piscina do L'Atmosphère estava de novo cheia de mulheres de biquíni. Não se tratava de bravata, os veteranos de Cabul realmente acreditavam que tinham pouco a temer. Todos admitiam que havia um risco, mas a maioria dos crimes cometidos contra a comunidade estrangeira era oportunista, não planejada, e então o sentimentogeral era que a vítima estava no "lugar errado na hora errada". Não importava o que acontecesse, as festas nunca paravam.


E então, no outono de 2006, algo para o qual estava totalmente despreparada aconteceu: me apaixonei. Lorenz era capitão do exército austríaco e fora transferido para a seção humanitária da Isaf. Ainda que admitisse que ele era bonito, era um soldado e, portanto, pouco interessante para mim. Até que numa noite passei no L'Atmosphère e o encontrei tomando cerveja em roupas civis...


Pela primeira vez no Afeganistão, vivi não como uma solteira - me esquivando de perguntas curiosas sobre quando planejava ter filhos -, mas como um casal. Apesar da ameaça de demissão, Lorenz escapava do acampamento da Isaf todas as noites e dormia na minha casa. Mohammad Sharif ficou horrorizado inicialmente, mas logo gostou de Lorenz. Enquanto Lorenz estava em Cabul, vi a cidade com novos olhos. Alugamos uma Land Cruiser e dirigíamos pela trilha turística visitando a estrutura bombardeada do Palácio Darul Aman, o espetacular Jardim de Babur, e a livraria Shah M (de O Livreiro de Cabul).


Quando chegou a hora de Lorenz partir, sabia que minha temporada em Cabul também chegava ao fim. em janeiro de 2008 pedi demissão e comecei a triste tarefa de dizer adeus. Naquele mesmo mês, o Serena Hotel, supostamente à prova de bombas, foi atacado. Seis pessoas morreram e outras seis ficaram feridas, e o incidente caiu como uma granada no colo da comunidade de expatriados. Embaixadas impuseram toque de recolher imediato, e Cabul se tornou uma cidade-fantasma. Sair agora parecia uma traição. Enquanto dividia meu móveis entre Mohammad Sharif e Sharabdin, me enchia de tristeza. O Afeganistão havia sido generoso comigo: fui para lá solteira e curiosa, e parti dois anos e meio depois mais sábia, com um cachorro e um namorado. Um dia irei voltar - talvez com os filhos que meus amigos afegãos tanto desejaram para mim. Inshallah."


( Artigo para a revista Vogue - Abril/2009 )

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Tony Duran



É tudo tão lindo, inquestionável e de tamanho bom gosto que fica até difícil de escrever sobre ou escolher duas imagens que sejam para ilustrar.
Vale muito a pena olhar cada ensaio.

domingo, 19 de abril de 2009

Geographer


Foi no meio de uma compilação compartilhada generosamente por Marianna Colorsbleed que descobri essa banda Californiana. O mesmo disco que me fez despertar para Anjulie, falada e comentada há algumas postagens atrás, me fez descobrir Geographer.
Foi "Rushing in, rushing out", a música que faz parte da coletânea sobre o Sundance Festival 2009, que me coçou a nuca. E como em muitos casos pensei, "que bacana... vou atrás disso". Infelizmente há pouco sobre eles na web, mas não é nada que impeça de visitar o myspace dos caras. E quem conseguir uppar e/ou compartilhar, eu e muita gente (que eu sei) vamos agradecer. More. Beijometwita!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Anjulie


Canadense, a cantora vem sendo tida como a grande promessa do pop este ano. Também pudera, ela traz junto a si um conjunto de referências que fez o sucesso de M.I.A. e Santogold. Ou seja, ela mistura influências inusitadas ao bom e velho pop grudento e tem origens consideradas no mínimo “exóticas”. Em seu caso, ela é filha de imigrantes da Guiana.

Não é considerada nenhum sinônimo de beleza e se veste de maneira curiosa, o que vem sendo repetido pelas vozes femininas atuais, cada vez mais cheias de personalidade se afastando do estereótipo fashionista de antes. Com uma moda própria e ditada por elas, as moças brindam nossos olhos com bastante ousadia, baseando-se em experiências de vida.

Moradora de Los Angeles, ela vai ganhando terreno no cenário musical. Dois hits seus veem conquistando a web e rádios indie, Boom e Rain.
Mas o disco tem mais. Anjulie apresenta um repertório baseado no soul, pop dos anos 60 e hip-hop. E como compositora não tem nenhum pudor de se abrir em suas letras. Só uma coisa se vale notar, o disco se perde em algumas faixas. Dessas que poderíamos chamar de "baladas". Com certeza, coisas que poderiam ter ficado pra escanteio.




Anjulie - Boom (2009)

1. Boom
2. Rain
3. Some Dumb Whore
4. Addicted2Me
5. Crazy That Way (Intro)
6. Crazy That Way
7. Fatal Attraction
8. The Heat
9. Colombia
10. Same Damn Thing
11. Love Songs
12. Day Will Soon Come

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Teatro em banda larga


















Em vários estados do Brasil, inúmeros espetáculos estão em cartaz. Seja nas ruas, em arenas, ou grandes anfiteatros, as reclamações do público são sempre as mesmas: o preço do ingresso e as filas.
É partindo dessa premissa que o grupo Teatro para Alguém, o primeiro grupo completamente virtual brasileiro, com uma produção de peças para veiculação exclusiva na web, vem levantando a bandeira da democratização da art e com uma programação composta por peças, mini-performances e seriados.


Nascido em 2008, o projeto começou quando a atriz Renata Jesion , resolveu fazer de sua sala de estar o próprio palco. Ao perceber que suas peças não atingiam lotação máxima, mesmo quando estava em evidência, decidiu produzir um "teatro para ninguém", ou melhor, para alguém que quisesse vê-la a qualquer momento, sem precisar ir ao teatro, cinema ou ligar a televisão.
Munida de recursos próprios e ajuda de alguns amigos, montou toda a infraestrutura necessária: uma câmera digital, refletores e a criação do site, no qual são apresentadas as peças online, com atores, diretores e textos voltados especialmente para a web. "Nunca fui muito ligada em Internet. O projeto surgiu da ideia de encenar peças de autores que eu admiro muito. A era digital torna isso muito mais fácil. Me preocupo em fazer uma coisa com qualidade e conteúdo", diz Renata.
Diferente do que se imagina, no Teatro para Alguém, não há improviso. Os atores costumam levar cerca de dois meses ensaiando, até que o trabalho seja gravado, ou apresentado ao vivo. Como em qualquer peça, o elenco varia de acordo com o enredo, interpretado por um grupo de cinco a seis pessoas, que encenam as histórias escritas por autores convidados.




Entre figurantes, câmeras e meses de ensaio, as produções ficam disponíveis no site. São todas gravadas no mesmo cômodo, sem ambientes externos, pois segundo Renata, isso dispersaria a essência do teatro. "Não é porque está na Internet que precisa ser capenga. Eu prefiro encenar no palco. Mas tem gente que não gosta de sair de casa, ou não tem acesso a um teatro de qualidade. A mídia digital é importante para isso".
O esmero é evidente. Uma equipe de audiovisual completa, comandada por diretores de fotografia e editores, acompanha de perto toda a produção. "A preocupação é mostrar uma montagem de qualidade. Nossa dificuldade é com o provedor, que comporta somente 100 espectadores em apresentações ao vivo".

Mas como toda trupe de teatro, o grupo também possui suas dificuldades (leia-se problemas financeiros). Atores convidados e colaboradores recebem uma pequena ajuda de custo, obtida através de patrocínios. Devido ao seu formato novo, o mercado corporativo ainda sente receio de investir no projeto.
Com gastos de cerca de R$ 15 mil por espetáculo inédito, o Teatro para Alguém viu seu caixa esvaziar de R$ 40 mil para R$ 3 mil. Procurando investimentos, Renata destaca o custo benefício para as artes cências online. "O valor para realizarmos 72 produções em um ano, equivale ao que uma grande emissora investe num episódio de minissérie".



Entre as críticas e as dificuldades, a proposta do grupo continua sólida: democratizar a cultura. Mas e quanto ao teatro tradicional? Dá para competir? De acordo com a idealizadora, cada um tem seu devido espaço. As diferenças são visíveis. A começar pela ausência de plateia real, que nesse caso, se manifesta através dos comentários feitos no próprio site. Ou seja, a falta da pulsação do público com o artista.


Para resolver esse problema, o grupo aposta em manter a mesma rotina normal do teatro, mas com menos intensidade e apresentações por semana, como costumam fazer as companhias que se apresentam offline. "Espero conseguir continuar produzindo. Acho que a mídia digital está aí para isso mesmo. É mais um canal para a gente se expressar, mostrar o trabalho e transmitir cultura. Não temos a pretensão de ofuscar o teatro tradicional", acrescentou Renata.

domingo, 12 de abril de 2009

Guster - Ganging Up On The Sun


Guster é uma banda indie/folk/pop, há mais de dez anos na estrada. Fazem músicas simples, com instrumentos tradicionais, sem muita produção/maquiagem de som. É uma banda que soa tão bem em estúdio como ao vivo.

Guster - Ganging Up On The Sun (2006)
1. Lightning Rod
2. Satellilte
3. Manifest Destiny
4. One Man Wrecking Machine
5. Captain, The
6. The New Underground
7. Ruby Falls
8. C'Mon
9. Empire State
10. Dear Valentine
11. The Beginning Of The End
12. Hang On

Mariana Aydar lança elogiado segundo disco


"Peixes, pássaros, pessoas" é o título do segundo disco de Mariana Aydar. A novidade foi produzida por Kassin e por Duani, antigo parceiro da cantora e baterista, revelando-se tão seu autor como Mariana. O disco reúne 13 faixas inéditas. Entre elas, um dueto com Zeca Pagodinho e um encontro com a caboverdiana Mayra Andrade.
Caetano Veloso escreveu o release do disco e não poupou elogios à cantora. Além de atentar para a importância da modernização da música brasileira.
"Há quem veja pouca importância ou novidade no aparecimento de uma geração de jovens cantoras atraídas pelo samba. Em geral são pessoas que confundem importância com novidade e que não sabem onde há novidade de fato. Para mim é novidade que haja Mariana, com sua voz desaforada e tranquila reafirmando a riqueza do canto das mulheres em nosso país. E que o faça de uma perspectiva naturalmente moderna e relaxadamente consciente dessa modernidade.”
Segundo ele, “Peixes, pássaros, pessoas” tem enorme vínculo com o samba mas não recebe tal rótulo. Forró, e baladas também estão ali. "É a atração irresistível pelo samba que orienta o estilo e o repertório, não uma decisão pré-existente nesse sentido", afirma.
Cada faixa vale quanto pesa, independentemente da grife que a assina. Esse parâmetro faz do disco um terreno fértil para que música realmente nova aconteça. E ela brota por todos os cantos. Sensual em "Beleza" (da promissora dupla Luisa Maita/Rodrigo Campos), cantada em belo dueto com a Mayra Andrade.
Nordestina e ecológica em "Tá?" (Carlos Rennó/Pedro Luís/Roberta Sá). Enigmática em "Nada Disso É pra Você" (Rômulo Fróes/ Clima).
Psicodélica em "Tudo que Eu Trago no Bolso" (Nuno Ramos/Kavita pseudônimo da Mariana compositora), que fecha o álbum com sua harmonia desconstruída pela guitarra lendária de Lanny Gordin.

fonte: /ilustrada

www.myspace.com/marianaaydar