quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A vez dos “losers”


Glee é uma série que teve sua estreia no Brasil em setembro deste ano e é exibida pelo canal pago Fox.
Aposta nos típicos personagens de séries e filmes estadunidenses: líderes de torcida e jogadores de futebol truculentos e conta a história do professor Will Schuester (interpretado por Matthew Morrison), que resolve reativar o coral da escola chamado de "Glee Club", que no passado foi motivo de grande orgulho para todos os alunos na instituição. No entanto, a escola não tem recursos para sustentar o coral. Assim, eles precisam chegar à final do campeonato regional de corais para garantir a verba para continuar funcionando. No meio disso, a professora Sue Sylvester, na minha opinião o melhor personagem em séries nos últimos tempos e interpretada por Jane Lynch, que treina o time de líderes de torcida da escola, que já venceu inúmeros campeonatos, está disposta a tudo para atrapalhar o sucesso do coral que recebe o nome de "Novas Direções", já que ele pode resultar em menos prestígio e dinheiro para seu time de líderes de torcida.

Os únicos que se oferecem para participar do coral são os marginalizados do colégio, numa equipe que junta nerds, góticos e a menina que acha que nasceu para ser uma estrela, mas não consegue se enturmar com ninguém. Todos sofredores de “bullyng”.

Rachel Berry, personagem de Lea Michele que atua na Brodway desde os seus oito anos, vive entre um copo e outro de suco jogado no rosto pelas "colegas" de colégio. Uma sonhadora que almeja o estrelato desde criança quando começou aulas de dança e canto, incentivada pelos dois pais (gays) com quem mora. E logo no primeiro episódio define sua meta: "Hoje, ser anônimo é pior do que ser pobre". O que pode ser considerada uma verdadeira frase da contemporaneidade.

Glee é uma comédia-musical e por isso faz a linha ame ou odeie. Mas é praticamente impossível não se encantar por seus personagens ou até mesmo se identificar. Quem nunca foi ridicularizado na escola por ser feio, cafona, gay, gordo, negro, judeu ou qualquer outra coisa?

O ator Chris Colfer que recentemente se assumiu gay e coincidência ou não interpreta um personagem gay na trama diz que já sofreu muita pressão emocional em sua época de colégio. Kurt, seu personagem é um soprano ligado em roupas de marca e logo no primeiro episódio é jogado dentro de uma caçamba de lixo pelos grandões do time de futebol, mas não sem antes pedir para tirar o casaco, da nova coleção de Marc Jacobs.

Outro destaque vai para Amber Riley que interpreta Mercedes, uma aluna com um vozeirão de tremer qualquer quarteirão e que se impõe merecidamente por não aceitar ficar em segundo plano no palco.

Um dos pontos altos da série é a trilha sonora que conta com adaptações de músicas conhecidas em novos arranjos. A versão de "Don't Stop Believing", da banda Journey, tema do episódio piloto e interpretada pelo elenco, alcançou o primeiro lugar em downloads no iTunes e superou a versão original da música na parada da "Billboard".
“Single Ladies” de  Beyoncè, “Papa Don’t Preach” de Madonna e “Rehab” de Amy Winehouse também estão na lista.

Em Glee ninguém é perfeito, uma regra que vale para alunos e professores. Nesse universo, onde a graça está nos defeitinhos, o único papel que sobrou para as líderes de torcida e os capitães truculentos de time de futebol é o de coadjuvante.

Porém existem algumas considerações a fazer. Não espere por dramas profundos, a série é totalmente despretensiosa e em alguns momentos abusa dos clichês levando a coisa toda de ser “loser” muitas vezes ao enfadonho.
Os números musicais são os que realmente seguram os episódios. E apesar de lembrar muito essa coisa toda de “Hanna Montana”, “High School Music”, “Camp Rock” e outras mais não há nada de puritano (leia-se Crepúsculo). Mesmo porque o público alvo não são os adolescentes e sim os mais crescidos (adultos ou pseudo-adultos).

As brigas homéricas entre Will e Sue são de surpreender pela agilidade do diálogo. Agilidade essa que eu não vejo desde Gilmore Girls.

Concluindo, é uma série divertida daquelas de se ver pra não pensar em nada e lembrar da sua época nos anos 80, onde a trilha é essencialmente baseada.

Eu gosto bastante e o episódio final da temporada que já foi ao ar nos Estados Unidos é de arrepiar. Sem dizer da interpretação feita de “Imagine” que conseguiu surpreendentemente tirá-la da banalização. Mas ainda assim Glee não é a minha preferida dessa temporada. Mas falar de TrueBlood é um assunto para um outro dia.

Glee está na lista dos indicados para o Globo de Ouro de 2010 como melhor série (musical ou comédia); Matthew Morrison (Will Schuester) como melhor ator (musical ou comédia); Lea Michele (Rachel Berry) como melhor atriz (musical ou comédia) e Jane Lynch (Sue Sylvester) como melhor atriz coadjuvante.

Indicações são sempre questionáveis, mas Jane Lynch está realmente jogando um bolaço na pele de Sue Sylvester. Por ela eu fico na torcida.

Interessou? Quer ver qual é? Vá lá:

Glee – Episódios inéditos todas as quartas às 22 h pela Fox.

Site oficial: Glee

Para DL toda a 1ª temporada: Compartilhar é preciso.