Eu procuro uma palavra que me salve.
Pode ser uma palavra verbo.
Uma palavra vespa, uma palavra casta.
Pode ser uma palavra dura, sem carinho.
Ou palavra muda,
Molhada de suor no esforço da terra não lavrada.
Não ligo se ela vem suja, mal lavada.
Procuro uma coisa qualquer que saia soada do nada.
Eu imploro pelos verbos que tanto humilhei.
E reconsidero minha posição em relação aos adjetivos.
Penso em quanta fadiga me dava,
O excesso de frases desalinhadas em meu ouvido.
Hoje imploro uma fala escrita.
Não pode ser cantada.
Preciso de uma palavra letra grifada grafia no papel.
Uma palavra como um porto um mar um prado.
Um campo minado um contorno.
Carrossel cavalo pente quebrado véu.
Mariscos muralhas manivelas navalhas.
Eu preciso do escarcéu soletrado.
Preciso daquilo que havia negado.
E mesmo tendo medo de algumas palavras
Preciso da palavra medo como preciso da palavra morte,
Que é uma palavra triste.
Toda palavra deve ser anunciada e ouvida.
Nunca mais o desprezo por coisas mal ditas.
Toda palavra é bem dita e bem vinda.
- Viviane Mosé -
terça-feira, 30 de novembro de 2010
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