quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A vez dos “losers”


Glee é uma série que teve sua estreia no Brasil em setembro deste ano e é exibida pelo canal pago Fox.
Aposta nos típicos personagens de séries e filmes estadunidenses: líderes de torcida e jogadores de futebol truculentos e conta a história do professor Will Schuester (interpretado por Matthew Morrison), que resolve reativar o coral da escola chamado de "Glee Club", que no passado foi motivo de grande orgulho para todos os alunos na instituição. No entanto, a escola não tem recursos para sustentar o coral. Assim, eles precisam chegar à final do campeonato regional de corais para garantir a verba para continuar funcionando. No meio disso, a professora Sue Sylvester, na minha opinião o melhor personagem em séries nos últimos tempos e interpretada por Jane Lynch, que treina o time de líderes de torcida da escola, que já venceu inúmeros campeonatos, está disposta a tudo para atrapalhar o sucesso do coral que recebe o nome de "Novas Direções", já que ele pode resultar em menos prestígio e dinheiro para seu time de líderes de torcida.

Os únicos que se oferecem para participar do coral são os marginalizados do colégio, numa equipe que junta nerds, góticos e a menina que acha que nasceu para ser uma estrela, mas não consegue se enturmar com ninguém. Todos sofredores de “bullyng”.

Rachel Berry, personagem de Lea Michele que atua na Brodway desde os seus oito anos, vive entre um copo e outro de suco jogado no rosto pelas "colegas" de colégio. Uma sonhadora que almeja o estrelato desde criança quando começou aulas de dança e canto, incentivada pelos dois pais (gays) com quem mora. E logo no primeiro episódio define sua meta: "Hoje, ser anônimo é pior do que ser pobre". O que pode ser considerada uma verdadeira frase da contemporaneidade.

Glee é uma comédia-musical e por isso faz a linha ame ou odeie. Mas é praticamente impossível não se encantar por seus personagens ou até mesmo se identificar. Quem nunca foi ridicularizado na escola por ser feio, cafona, gay, gordo, negro, judeu ou qualquer outra coisa?

O ator Chris Colfer que recentemente se assumiu gay e coincidência ou não interpreta um personagem gay na trama diz que já sofreu muita pressão emocional em sua época de colégio. Kurt, seu personagem é um soprano ligado em roupas de marca e logo no primeiro episódio é jogado dentro de uma caçamba de lixo pelos grandões do time de futebol, mas não sem antes pedir para tirar o casaco, da nova coleção de Marc Jacobs.

Outro destaque vai para Amber Riley que interpreta Mercedes, uma aluna com um vozeirão de tremer qualquer quarteirão e que se impõe merecidamente por não aceitar ficar em segundo plano no palco.

Um dos pontos altos da série é a trilha sonora que conta com adaptações de músicas conhecidas em novos arranjos. A versão de "Don't Stop Believing", da banda Journey, tema do episódio piloto e interpretada pelo elenco, alcançou o primeiro lugar em downloads no iTunes e superou a versão original da música na parada da "Billboard".
“Single Ladies” de  Beyoncè, “Papa Don’t Preach” de Madonna e “Rehab” de Amy Winehouse também estão na lista.

Em Glee ninguém é perfeito, uma regra que vale para alunos e professores. Nesse universo, onde a graça está nos defeitinhos, o único papel que sobrou para as líderes de torcida e os capitães truculentos de time de futebol é o de coadjuvante.

Porém existem algumas considerações a fazer. Não espere por dramas profundos, a série é totalmente despretensiosa e em alguns momentos abusa dos clichês levando a coisa toda de ser “loser” muitas vezes ao enfadonho.
Os números musicais são os que realmente seguram os episódios. E apesar de lembrar muito essa coisa toda de “Hanna Montana”, “High School Music”, “Camp Rock” e outras mais não há nada de puritano (leia-se Crepúsculo). Mesmo porque o público alvo não são os adolescentes e sim os mais crescidos (adultos ou pseudo-adultos).

As brigas homéricas entre Will e Sue são de surpreender pela agilidade do diálogo. Agilidade essa que eu não vejo desde Gilmore Girls.

Concluindo, é uma série divertida daquelas de se ver pra não pensar em nada e lembrar da sua época nos anos 80, onde a trilha é essencialmente baseada.

Eu gosto bastante e o episódio final da temporada que já foi ao ar nos Estados Unidos é de arrepiar. Sem dizer da interpretação feita de “Imagine” que conseguiu surpreendentemente tirá-la da banalização. Mas ainda assim Glee não é a minha preferida dessa temporada. Mas falar de TrueBlood é um assunto para um outro dia.

Glee está na lista dos indicados para o Globo de Ouro de 2010 como melhor série (musical ou comédia); Matthew Morrison (Will Schuester) como melhor ator (musical ou comédia); Lea Michele (Rachel Berry) como melhor atriz (musical ou comédia) e Jane Lynch (Sue Sylvester) como melhor atriz coadjuvante.

Indicações são sempre questionáveis, mas Jane Lynch está realmente jogando um bolaço na pele de Sue Sylvester. Por ela eu fico na torcida.

Interessou? Quer ver qual é? Vá lá:

Glee – Episódios inéditos todas as quartas às 22 h pela Fox.

Site oficial: Glee

Para DL toda a 1ª temporada: Compartilhar é preciso.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Julian Casablancas - Phrazes For The Young (2009)

Julian Casablancas, frontman dos Strokes, lança seu primeiro disco solo em novembro. Phrazes For The Young sairá pela gravadora Cult Records.
O álbum foi gravado em Los Angeles, Nebraska e Nova York, cidade natal de Casablancas, com Jason Lader e Mike Mogis - integrante da banda indie Bright Eyes - na produção.
O cantor foi bem econômico em sua estréia, o álbum é composta de apenas oito faixas, entre elas "11th Dimension", faixa embebida no synth pop oitentista e também o primeiro single.
Para seu primeiro voo solo, o vocalista dos Strokes disse ter procurado sonoridade distante à da banda que lhe deu fama. A ideia era associar "música moderna" ao "poder e seriedade da música mais velha", conforme revelou em entrevista no início de agosto.
Casablancas participou de outros projetos musicais desde o último disco do Strokes, First Impressions of Earth, de 2006. Entre eles, o cantor se uniu a Santigold e Pharrell Williams na música "My Drive Thru" e colaborou com Danger Mouse no recente álbum Dark Night Of The Soul.

Fonte: Rollig Stone

Tracklist:

01 Out Of The Blue
02 Left And Right In The Dark
03 11th Dimension
04 Chords Of The Apocalypse
05 Ludlow Street
06 River Of Brake Lights
07 Glass
08 Tourist

sábado, 17 de outubro de 2009

Tristemente Irreparável


É verdadeiramente triste ler essa notícia nos principais sites do país. Ontem, um incêndio destruiu parte da residência do pintor e arquiteto César Oiticica, irmão do pintor, escultor e artista plástico Hélio Oiticica, morto em 1980, aos 42 anos. Situada no bairro do Jardim Botânico, zona sul do Rio.
No local estavam cerca de 2 mil obras do artista. "Perdemos cerca de 200 milhões de dólares, mas esse não é o valor principal, o valor em dinheiro não significa nada. É uma perda que o mundo inteiro irá lastimar. A cultura brasileira ficou ferida. Eu me sinto pessimamente", disse César, em entrevista à Rádio CBN.
Ainda não se sabe o que teria causado o incêndio, que começou no primeiro andar da casa. Segundo a família, os bombeiros demoraram para chegar na casa e começar o combate ao fogo.
 
Hélio Oiticica foi um pintor, escultor, artista plástico e performático de aspirações anarquistas. Ele é considarado um dos artista mais revolucionários de seu temppo.
Em 1959, fundou o Grupo Neoconcreto, ao lado de artistas como Amilcar de Castro, Lygia Clark, Lygia Pape e Franz Weissmann. O que na história da arte no Brasil é o período mais interessante pra mim.
Hélio criou o Parangolé, que segundo ele era a "antiarte por excelência".
O Parangolé é uma espécie de capa (ou bandeira, estandarte ou tenda) que só mostra plenamente "seus tons, cores, formas, texturas e grafismos, e os materiais com que é executado (tecido, borracha, tinta, papel, vidro, cola, plástico, corda, palha) a partir dos movimentos de alguém que o vista".
Foi também Hélio que fez o penetrável Tropicália, que não só inspirou o nome, mas também ajudou a consolidar a estética do movimento tropicalista na música brasileira, nos anos 1960 e 1970.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009





15 a 21/10 - Design gráfico brasileiro em temporada na China: aqui.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

The Big Pink - "A Brief History Of Love" ( 2009 )

Salvalaio disse, Salvalaio avisou. Há dias martelando na minha cabeça pra ouvir ( leia-se baixar ).
Recomendo.
Não sabe do que se trata? Azar. "Eu não vim pra explicar". Ouça. Permita-se.

DOWNLOAD AQUI:
http://www.megaupload.com/?d=0PIZIHIX
OU AQUI:
http://www.sharebee.com/eec34d98

Manifesto Antropofágico ( Mário de Andrade )

"Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.


Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.

Tupi, or not tupi that is the question.

Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.

Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.

Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa.

O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior. A reação contra o homem vestido. O cinema americano informará.

Filhos do sol, mãe dos viventes. Encontrados e amados ferozmente, com toda a hipocrisia da saudade, pelos imigrados, pelos traficados e pelos touristes. No país da cobra grande.

Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil.

Uma consciência participante, uma rítmica religiosa.

Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. E a mentalidade pré-lógica para o Sr. Lévy-Bruhl estudar.

Queremos a Revolução Caraiba. Maior que a Revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem.

A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls.

Filiação. O contato com o Brasil Caraíba. Ori Villegaignon print terre. Montaig-ne. O homem natural. Rousseau. Da Revolução Francesa ao Romantismo, à Revolução Bolchevista, à Revolução Surrealista e ao bárbaro tecnizado de Keyserling. Caminhamos..

Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará.

Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós.

Contra o Padre Vieira. Autor do nosso primeiro empréstimo, para ganhar comissão. O rei-analfabeto dissera-lhe : ponha isso no papel mas sem muita lábia. Fez-se o empréstimo. Gravou-se o açúcar brasileiro. Vieira deixou o dinheiro em Portugal e nos trouxe a lábia.

O espírito recusa-se a conceber o espírito sem o corpo. O antropomorfismo. Necessidade da vacina antropofágica. Para o equilíbrio contra as religiões de meridiano. E as inquisições exteriores.

Só podemos atender ao mundo orecular.

Tínhamos a justiça codificação da vingança. A ciência codificação da Magia. Antropofagia. A transformação permanente do Tabu em totem.

Contra o mundo reversível e as idéias objetivadas. Cadaverizadas. O stop do pensamento que é dinâmico. O indivíduo vitima do sistema. Fonte das injustiças clássicas. Das injustiças românticas. E o esquecimento das conquistas interiores.

Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros.

O instinto Caraíba.

Morte e vida das hipóteses. Da equação eu parte do Cosmos ao axioma Cosmos parte do eu. Subsistência. Conhecimento. Antropofagia.

Contra as elites vegetais. Em comunicação com o solo.

Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses.

Já tínhamos o comunismo. Já tínhamos a língua surrealista. A idade de ouro.

Catiti Catiti

Imara Notiá

Notiá Imara

Ipeju*

A magia e a vida. Tínhamos a relação e a distribuição dos bens físicos, dos bens morais, dos bens dignários. E sabíamos transpor o mistério e a morte com o auxílio de algumas formas gramaticais.

Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade. Esse homem chamava-se Galli Mathias. Comia.

Só não há determinismo onde há mistério. Mas que temos nós com isso?

Contra as histórias do homem que começam no Cabo Finisterra. O mundo não datado. Não rubricado. Sem Napoleão. Sem César.

A fixação do progresso por meio de catálogos e aparelhos de televisão. Só a maquinaria. E os transfusores de sangue.

Contra as sublimações antagônicas. Trazidas nas caravelas.

Contra a verdade dos povos missionários, definida pela sagacidade de um antropófago, o Visconde de Cairu: – É mentira muitas vezes repetida.

Mas não foram cruzados que vieram. Foram fugitivos de uma civilização que estamos comendo, porque somos fortes e vingativos como o Jabuti.

Se Deus é a consciênda do Universo Incriado, Guaraci é a mãe dos viventes. Jaci é a mãe dos vegetais.

Não tivemos especulação. Mas tínhamos adivinhação. Tínhamos Política que é a ciência da distribuição. E um sistema social-planetário.

As migrações. A fuga dos estados tediosos. Contra as escleroses urbanas. Contra os Conservatórios e o tédio especulativo.

De William James e Voronoff. A transfiguração do Tabu em totem. Antropofagia.

O pater famílias e a criação da Moral da Cegonha: Ignorância real das coisas+ fala de imaginação + sentimento de autoridade ante a prole curiosa.

É preciso partir de um profundo ateísmo para se chegar à idéia de Deus. Mas a caraíba não precisava. Porque tinha Guaraci.

O objetivo criado reage com os Anjos da Queda. Depois Moisés divaga. Que temos nós com isso?

Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade.

Contra o índio de tocheiro. O índio filho de Maria, afilhado de Catarina de Médicis e genro de D. Antônio de Mariz.

A alegria é a prova dos nove.

No matriarcado de Pindorama.

Contra a Memória fonte do costume. A experiência pessoal renovada.

Somos concretistas. As idéias tomam conta, reagem, queimam gente nas praças públicas. Suprimarnos as idéias e as outras paralisias. Pelos roteiros. Acreditar nos sinais, acreditar nos instrumentos e nas estrelas.

Contra Goethe, a mãe dos Gracos, e a Corte de D. João VI.

A alegria é a prova dos nove.

A luta entre o que se chamaria Incriado e a Criatura – ilustrada pela contradição permanente do homem e o seu Tabu. O amor cotidiano e o modusvivendi capitalista. Antropofagia. Absorção do inimigo sacro. Para transformá-lo em totem. A humana aventura. A terrena finalidade. Porém, só as puras elites conseguiram realizar a antropofagia carnal, que traz em si o mais alto sentido da vida e evita todos os males identificados por Freud, males catequistas. O que se dá não é uma sublimação do instinto sexual. É a escala termométrica do instinto antropofágico. De carnal, ele se torna eletivo e cria a amizade. Afetivo, o amor. Especulativo, a ciência. Desvia-se e transfere-se. Chegamos ao aviltamento. A baixa antropofagia aglomerada nos pecados de catecismo – a inveja, a usura, a calúnia, o assassinato. Peste dos chamados povos cultos e cristianizados, é contra ela que estamos agindo. Antropófagos.

Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema, – o patriarca João Ramalho fundador de São Paulo.

A nossa independência ainda não foi proclamada. Frape típica de D. João VI: – Meu filho, põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da Fonte.

Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud – a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama."



OSWALD DE ANDRADE Em Piratininga Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha." (Revista de Antropofagia, Ano 1, No. 1, maio de 1928.)


* "Lua Nova, ó Lua Nova, assopra em Fulano lembranças de mim", in O Selvagem, de Couto Magalhães


Oswald de Andrade alude ironicamente a um episódio da história do Brasil: o naufrágio do navio em que viajava um bispo português, seguido da morte do mesmo bispo, devorado por índios antropófagos.








sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Para se ter na cabeceira da cama


Design Gráfico ( Uma História Concisa ) - Richard Hollis

A história do design gráfico é uma das mais empolgantes e interessantes da história cultural do século XX. Desde suas raízes, na fase de desenvolvimento da imprensa, o design gráfico evoluiu como meio de identificação, informação e promoção, tornando-se uma disciplina e profissão por seus próprios méritos. Essa história documentária e definitiva começa com o pôster e prossegue registrando o desenvolvimento no uso da palavra e da imagem em brochuras, revistas, publicidade, identidade corporativa, televisão e mídia eletrônica, mostrando ainda o impacto de inovações técnicas como a fotografia e o computador. Com mais de 800 ilustrações totalmente integradas ao texto, esse indispensável relato é único em sua clareza, abrangência e capacidade de absorver o leitor. "Leitura essencial e acessível para estudantes, designers e historiadores" (The Eye).

Richard Hollis é designer gráfico free-lance, tendo trabalhado como serigrafista, diretor artístico, gerente de produção, professor e conferentista. Hollis estudou arte e tipografismo em Chelsea, Wimbledon, e na Central Schools of Art, Londres. A partir de 1958, começou a ensinar litografia e design no London College of Printing e na Chelsea School of Art, após o que trabalhou em Paris no começo da década de 60. De 1965 a 1967, foi Diretor do Departamento de Design gráfico no West of England College of Art, Bristol, e por seis anos foi Professor-Adjunto na Central School of Art and Design.

Eu já tenho o meu. E você? Tá esperando o que?

sábado, 12 de setembro de 2009

Noivas da Seca


Uma das regiões mais áridas e pobres do Brasil também é uma das mais ricas em relação a cerâmica popular. E esse é o tema do livro da professora de cerâmica no Instituto de Artes da Unesp, Lalada Dalglish.
A partir dos muitos anos de convivência com as mulheres ceramistas do Vale do Jequitinhonha (MG) a autora mostra no livro "Noivas da Seca: cerâmica popular do Vale do Jequitinhonha", como a demanda do mercado de cerâmica da região provocou significativas mudanças socioeconômicas nas comunidades.
As artesãs, conhecidas como “viúvas da seca”, por conta do êxodo de seus maridos em busca de trabalho, se transformam por meio de sua arte em “noivas da seca”, alusão de Lalada ao tema recorrente das bonecas noivas, pintadas com véu, grinalda e ramo de flores.
Atualmente, os maridos das ceramistas permanecem em casa para ajudar na produção.
Mais do que um relato sobre a produção e comércio de peças de cerâmica, "Noivas da Seca..." retrata como arte e vida, natureza e cultura estão intimamente marcadas no cotidiano destas mulheres que fazem brotar belas bonecas de barro da “terra seca onde não nasce nem um pau de flor”, além de detalhar muito bem o processo de produção das ceramistas através de fotografias.

terça-feira, 8 de setembro de 2009




De todas as invenções que se referem ao design, uma em especial ganha em disparada na minha opinião. No quesito funcionalidade, praticidade e design propriamente dito o campeão é o escorredor de arroz.
O utensílio presente na maioria das casas brasileiras nasceu do cansaço da brasileira Therezinha Beatriz Alves de Andrade Zorowich que sempre ao chegar em casa encontrava o ralo da pia entupido por alimentos. Para que isso não acontecesse mais criou essa espécie de bacia conjugada a uma peneira em uma de suas extremidades que facilita a lavagem de alimentos. A criação se deu em 1959 e foi concedida a patente em 1962.
O escorredor de arroz é um dos melhores exemplos de design vernacular, aquele não-acadêmico e que parte da necessidade de uma cultura local.

domingo, 6 de setembro de 2009

Nós iremos dominar o mundo.

Quando ouvi dizer que era uma banda formada por adolescentes desconfiei.
Pensei logo numa coisa Hanson de ser. Mesmo pessoas confiáveis terem dito por aí que é uma banda bem bacana.
E depois de sofrer perseguição até da revista Capricho, sim eu leio Capricho quando tenho oportunidade (me deixa), que veio parar nas minhas mãos resolvi ouvir qual é a da Mickey Gang ( esses guris de Colatina-ES ).
E independentemente de o The Guardian dizer que "é a coisa mais quente vinda do Brasil há anos", se eu fosse apresentado ao som e apenas ao som, sem nenhuma informação prévia, eu diria que eles não são daqui.
É aquela velha coisa de acharmos que somos menores.

Do Espírito Santo sim e isso não é nenhum milagre. A Mickey Gang, a ZéMaria e a terrorturbo estão aí pra provar isso.

Haja Choro!

Frequentemente quando acordo, ligo a tv e coloco na MTV.
Enquanto isso vou voltando da minha viagem intergalática.
E hoje não foi diferente.
Estava lá o Lab-Now.
E no meio daquela coisa indie toda, de repente, não mais que de repente aparecem eles: Andrew Vanwyngarden e sua trupe, ou seja, a MGMT. Com o clipe... tan-dan: "Kids".
Essa versão do clipe [ assista aqui ] foi lançada recentemente como sendo a versão oficial. Na época, o fato daquela criança chorando copiosamente me causou um certo desconforto. Mas hoje foi pior, com a mente clara de quem tinha acabado de acordar, pensei "Como pode ter havido uma autorização pra expor esse pobre a uma situação estressante dessas? Esse tipo de coisa gera um trauma pra toda a vida."
O fato do clipe ser tão randômico dá até pra entender já que, quem viu um show da banda como eu vi percebeu que piração eles tem de sobra. Talvez isso, na cabeça deles, até justifique o fato de colocar o moleque lá naquela situação. Mas ainda assim eu prefiro a primeira versão lançada [ assista aqui ] e sem esquecer que é deles o meu hit favorito.

Esse pessoal é muito doido.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Tiê



















"Antes da música, Tiê já foi estudante de comunicação, dona de brechó e modelo vivendo em Nova York, Paris e Londres. Já no ofício, conheceu Toquinho, com quem cantou durante 3 anos. Outra parceria importante, com Dudu Tsuda, levou-a ao show Cabaret, onde misturavam os mais variados gostos e influências. Atualmente, Tiê traça cuidadosamente os passos de sua carreira solo."
( /musicadebolso.com.br )

"As quatro primeiras faixas (Assinado eu, Dois, Quinto Andar e Passarinho) são baseadas na voz e no violão tocado por Tiê e trazem arranjos incidentais e minimalistas que valorizam o lado musicista e romântico da cantora.
O tom sobe na quinta e oitava músicas (Aula de Francês e Stranger But Mine), que ainda trazem Tiê ao violão, mas com arranjos mais rápidos e próximos ao folk e letras que mesclam o francês e português (Aula de Francês) e o inglês (Stranger But Mine). Chá Verde (sexta faixa) introduz Tiê ao piano, e é a mais autobiográfica canção do disco. O piano com acompanhamentos incidentais se repete na nona faixa (A Bailarina e o Astronauta). As duas músicas explicitam a elogiada capacidade de letrista da cantora.
Por fim, a música título, Sweet Jardim, surge como uma celebração do trabalho, embalada pelos violões ciganos do mestre Toquinho, que faz participação mais do que especial no disco.
O trabalho, ainda conta com a concepção estética da estilista Rita Wainer, que também assina a capa."





Sweet Jardim ( 2009 )

01. Assinado Eu
02. Dois
03. Quinto Andar
04. Passarinho
05. Aula de Francês
06. Chá Verde
07. Te Valorizo
08. Stranger But Mine
09. A Bailarina E O Astronauta
10. Sweet Jardim

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Diretor revela detalhes de série gay que estreia no Brasil em 2010

Cenário: Praia de Ipanema, Rio de Janeiro. Personagens: Um escritor, um dono de um salão de depilação e um jogador de vôlei. Ingredientes que parecem fazer parte do roteiro de uma típica novelinha adolescente, mas que, na verdade, compõem o piloto de uma série que promete revolucionar a forma como a homossexualidade é retratada na televisão brasileira.

Produzida pela Cabiria Entertainment, com sede em Los Angeles, a série caRIOcas "caRIOcas" utiliza casting 100% nacional para narrar as vidas de personagens aparentemente comuns que têm a mesma orientação sexual. A trama do programa, que está em fase de pós-produção, traz histórias impactantes e polêmicas, como toda boa série de TV.

Segundo o criador e diretor da série, André Mello, que também assume as funções de ator e produtor, "caRIOcas" pretende ir na contramão das produções brasileiras, que ainda dão pouco espaço à temática LGBT. "A ideia surgiu em parte da minha frustração com a televisão brasileira e com a falta de programação voltada a esse público", contou Mello em entrevista ao site A Capa. "Tive vontade de documentar a vida dos homens gays no Rio de Janeiro e no Brasil."

Em Los Angeles, onde mora há mais de 13 anos, Mello ouve constantemente a opinião de que o Rio é uma cidade "liberal". Por isso, a escolha da cidade para servir como pano de fundo não poderia ter sido outra. "Os turistas dizem isso com base em uma semana do ano, o Carnaval, ou na experiência que tiveram na Zona Sul e em alguns metros de praia, na rua Farme de Amoedo", relata. "Mas o Rio é uma cidade imensa e complexa. É isso que eu quero mostrar: não só a elite carioca, mas todas as classes e raças."

Os protagonistas de "caRIOcas" são Rodrigo (André Mello), um escritor que volta a morar no Brasil após anos trabalhando nos Estados Unidos; Marcos (Luciano Sant´Anna), dono de um salão de depilação; Paulo (Marcello Melo Jr.), jogador de vôlei de praia; Caio (Dionis Tavares), assistente de Paulo e apaixonado pelo chefe; Felipe (João Victor Lima), ex-namorado de Rodrigo que faz de tudo para conquistá-lo novamente; e finalmente Léo (Sérgio Menezes), militar casado que vive uma relação hétero e, ao mesmo tempo, tem um affair com Marcos.

O personagem de Rodrigo é a síntese do que a série quer mostrar: o fato de que homossexualidade pode ser sim encarada com mais naturalidade. "Rodrigo evita o Brasil a todo custo porque não se sente à vontade no seu próprio país", diz Mello. "Ele está ansioso para acelerar a 'evolução' da mentalidade dos cariocas e acaba se complicando, fazendo que o assistente de Paulo, Caio, adolescente do subúrbio do Rio, seja expulso de casa pela mãe evangélica", destaca o diretor.

Com previsão de estreia para o ano que vem, o piloto de "caRIOcas" foi apresentado para canais pagos, entre eles Multishow e GNT. "Estamos explorando todas as possibilidades para fazer com que a série alcance o maior número de pessoas possível", diz Mello, que torce para que a temática homossexual seja bem recebida pelo público brasileiro. "A intenção era criar uma série com personagens complexos e ricos. Personagens que têm famílias, namorados, esposas, mãe e pai, assim como todas as pessoas", afirma. "Também pensamos que não poderíamos excluir o telespectador heterossexual. Acho importante que eles assistam e descubram que as pessoas têm muito mais em comum do que se pensa."

Em relação à resistência de possíveis anunciantes, o diretor é prudente em afirmar: "Ainda é cedo para falar sobre isso, mas nos Estados Unidos o público gay é considerado um ótimo consumidor. No Brasil, os desafios são maiores, mas estou otimista."

Para o diretor, a TV precisa mostrar personagens gays de forma mais explícita e menos estereotipada, inclusive exibindo beijos entre eles. "Passei os últimos seis meses no Rio de Janeiro e o que vi me decepcionou muito. Em vários casos fiquei com raiva e muito chateado", relembra. "Acho inacreditável que o gay só seja retratado de forma cômica e ridícula. Acho que programas de comédia deveriam parar de usar palavras ofensivas como 'viado', 'boiola' e 'bicha', ainda por cima em rede nacional", critica. "Acho uma vergonha para o país."

Fonte: A Capa

domingo, 17 de maio de 2009

TP4



















A TP4 foi uma banda que descobri por pura curiosidade, assim como a grande maioria das bandas e cantores que ouço e gosto hoje em dia. E isso foi em umas poucas linhas da revista Simples. Assim, movido por ela ( a curiosidade ) fiz o pedido do primeiro disco, o Recycle Vol. 1, pela web e após a primeira audição nunca mais desgrudei.

A banda se prepara para o lançamento do terceiro disco: Something Stupid.

A seguir reproduzo um texto encontrado no site da Vivo que conta bem o meu modesto parecer sobre ela.

( Os grifos são meus )

"São Paulo, a maior metrópole brasileira, onde se dá uma impressionante confluência de informações inclusive artísticas, nasceu a TP4.
Longe de se alinhar com movimentos de culto ao kitsch ou revivals dos excessos estéticos dos anos 80, o grupo tem como foco de sua pesquisa a transformação ou reciclagem ( daí o Trash do nome ) das informações estéticas na música popular.

O oposto de um cover ( reprodução de arranjos originais ), mas uma subversão dos valores timbrísticos e estilísticos na música radiofônica ou popular de modo geral, brasileira e internacional.

Em seu primeiro trabalho fonográfico ( Recycle Vol. 1, de 2005 ), lançado no Brasil e na Coréia, incluiu músicas de sucesso em inglês, espanhol e italiano, sem nunca perder um certo "olhar brasileiro" sobre as obras.

O repertório foi de "Material Girl", sucesso da Madonna tranformado num xote (sic) com sotaque jazzístico, a "Close to you", clássico de Burt Bacharat e Hal David numa versão up beat, passando por Domenico Modugno ( "Volare" ) e o famoso bolero "Quizás, quizás, quizás".

A proposta do álbum foi a transformação, em alguns casos radical, do arranjo das músicas, se utilizando dos elementos e gêneros mais variados e prevalecendo uma sonoridade acústica, limpa, com elementos orientais e eruditos e ao mesmo tempo pop, dançante e bem humorada.

O disco teve ampla receptividade e se transformou em sucesso de público e crítica, conquistando mídia espontânea e visibilidade excepcionais, como a indicação ao prestigiado Prêmio Tim de Música na categoria Melhor Disco em Língua Estrangeira.

No ano seguinte, 2006, o grupo realizou o segundo trabalho, Super Duper. Desta vez optando também por músicas extraídas da música popular brasileira, realizando a releitura de autores consagrados como Chico Buarque ( "Geni e o Zepelim" ) e Dorival Caymmi ( "Maricotinha" ), assim como sucessos radiofônicos imortalizados por Alcione, Secos e Molhados e Jane & Herondi, reflexo do gosto popular no Brasil.

O disco ainda incluiu "Lithium", do Nirvana, num surpreendente arranjo de choro tradicional com naipe de madeiras, e "Puttin on the Ritz", sucesso na voz de Fred Astaire cuja releitura traz um acento grego nas cordas.

Este trabalhou apresentou uma sonoridade mais "pesada", combinando timbres de guitarra vintage, piano de concerto, vocais elaborados e um novo elenco de cantores convidados.

Atualmente, o grupo formado por Natalia Mallo ( baixista, vocalista, produtora e que também tem um ótimo blog sobre gastronomia ), Mariá Portugal ( baterista, vocalista, arranjadora ), Gustavo Ruiz ( guitarrista, violonista, arranjador e de um flickr incrível ) e Dudu Tsuda ( tecladista, arranjador ); prepara seu terceiro trabalho, que será lançado em 2009.

Para definir a linha de trabalho do próximo disco, o grupo faz suas experimentações ao vivo em shows vibrantes e cheios de improviso, onde executa também músicas de sua autoria.

O próximo trabalho trará uma sonoridade mais enxuta, será um disco "de banda", com menos convidados e o intuito de mostrar no disco um pouco da sonoridade ao vivo. Também terá composições próprias e temas instrumentais.

Em maio de 2008, o TP4 comemorou 4 anos de existência realizando sua primeira turnê européia. O grupo se apresentou em Londres, Lisboa e Cannes, onde foi a atração da Noite Brasileira do Festival de Cinema. Em seguida, em setembro seguiu para o Japão, para os shows de lançamento da edição japonesa de Super Duper, nas cidades de Tóquio e Toyohashi, ao lado de Fernanda Takai e Pato Fu.

O grande diferencial do TP4 e suas releituras é a sua excelência musical aliada a uma total liberdade criativa e à química cênica dos seus integrantes. Suas apresentações, que acontecem tanto em casas noturnas como em teatros e festivais, atrai platéias das mais diversas faixas etárias e socio-culturais, num verdadeiro happening dançante onde o público rapidamente desenvolve uma empatia pelo repertório, sentindo-se impelido a identificar ou adivinhar, a cada novo arranjo, qual será a música executada.

De fato, o TP4 é um grupo de forte presença cênica, e é conhecido pelo caráter performático e interativo de suas apresentações. As escolhas do grupo, na tentativa de realizar a releitura de músicas presentes na memória afetiva das platéias, partem da reflexão sobre a fronteira entre o popular e o comercial, o bom e o mau gosto, o preconceito, a música “datada” e a renovação e mistura de gêneros.

É uma tentativa lúdica de decifrar estes clássicos propiciando novos olhares sobre o já conhecido, o já ouvido. As influências musicais presentes na sonoridade incluem pilares da música brasileira como Caetano Veloso e Mutantes, passando pela chanson francesa e seus revisores (Serge Gainsbourg, Paris Combo), música cigana, klezmer, clássicos judaicos, Beatles, música eletroacústica, pop-rock, folk da América do Norte, tango, rock and roll puro, e tantas outras referências, presentes na bagagem individual de seus integrantes.A premissa do grupo é de fato entreter, fazer dançar e cantar junto, mas também contribuir à criação de novos critérios, novas formas de ouvir música popular, criar platéias mais abertas, com mais interesse em descobrir o diferente, o surpreendente e a mistura de gêneros e linguagens."

E se você é uma pessoa twittera, clique aqui

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Ray Gun Covers ( para Patricia Dijigov e Eduardo Salvalaio )

Iniciada em 1992 em Santa Monica, Califórnia essa revista de rock alternativo foi dirigida por David Carson (fundador e diretor de arte) que fez experiências revolucionárias no design tipográfico em suas edições tão típicas dos anos 80 e 90, mas que têm sua origem mais próxima na pesquisa formal que o alemão Wolfgang Weingart iniciou ainda nos anos 70.

A revista apresentava um estilo caótico e não-canônico que explorava os limites da legibilidade tipográfica.

A revista foi publicada até 2000 com 60 números.

A seguir algumas capas de algumas edições:














quarta-feira, 29 de abril de 2009

E24


E24 é uma mistura de documentário e reality (docu-reality). O programa estreou dia 14 de abril e vai ao ar todas as terças-feiras às 22h30 pela Band e é uma parceira da emissora com a Cuatro Cabezas, mesma produtora do CQC.

O tema do programa são as ocorrências dos hospitais e seus prontos-socorros.

Dentro deles a equipe do E24 acompanha a ação dos médicos e enfermeiros nas salas e corredores diante das emergências que não param de chegar.

Do lado de fora, ao lado das ambulâncias e bombeiros, as câmeras (há de se salientar a boa edição do programa que contribui para a agilidade do mesmo) registram os paramédicos na luta pela vida.

Nos dois casos, a competência é fundamental e cada minuto é precioso.

“O programa conta essas histórias através de uma estética diferenciada, numa abordagem de realidade que se aproxima do documentário”, diz Elisabetta Zenatti, diretora artística e de produção da Band.

E as histórias não param de acontecer, principalmente em uma cidade como São Paulo, onde somente o Corpo de Bombeiros atende a cerca de 400 ocorrências por dia. Já o SAMU - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - registra cerca de 30 mil casos por mês.

“Já captamos cerca de mil e duzentas horas de gravação. Cada caso tem sua carga de drama, emoção, tensão, alegria, alívio e dor das vítimas, médicos e familiares. Muitas vezes o E24 acompanha o paciente desde a entrada no Pronto Socorro até a sua volta para casa. Há histórias em que também é possível fazer uma abordagem de prevenção”, diz Elisabetta.

No E24, não há apresentadores, nem narração em off, nem repórteres na frente das câmeras e isso é o que causa o diferencial. O que se vê na tela é uma sucessão de fatos, registrados no momento em que acontecem e explicados pelos próprios protagonistas: “O curioso é que os profissionais que aparecem no programa acabam se tornando conhecidos do público; viram personagens e até heróis de histórias reais”, ressalta a diretora da Band.

Um fator importante que Elizabetta também destaca é que “o foco não é a desgraça, mas o heroísmo, os médicos, os familiares, o esforço para salvar vidas”.

Acredito ter sido este um tiro (sem trocadilhos) certeiro da Band. O reality show surpreende como dito anteriormente, com sua edição ágil e a forma crua com que mostra a rotina dos prontos-socorros de hospitais públicos e dos resgates do Corpo de Bombeiros.
A trilha sonora, que poderia ser piegas e apelar para o sentimentalismo, é sóbria e contribui apenas para reforçar o clima de urgência dos atendimentos. Além disso, sem nenhum constrangimento, as câmeras mostram sangue, ossos quebrados e detalhes de cirurgias. Porém, em nenhum momento E24 é sensacionalista. As cenas são necessárias. Como mostrar a rotina de um pronto-socorro sem isso? Não há qualquer apelação.

No entanto, a emissora vem sofrendo pressões de autoridades ligadas à saúde e à segurança pública a não exibir a atração, segundo o colunista Flávio Ricco.

Agora é esperar pra ver onde isso tudo vai dar e torcer pra que uma atração de qualidade, visto as péssimas atrações da TV aberta, não seja tirada do ar em detrimento de um falso moralismo disfarçado que muitos negam existir neste país.

sábado, 25 de abril de 2009

Dois nobres sentimentos (ou: a raiva e a vingança)

"Apesar de dizerem que não se deve viver com raiva no coração, sentir raiva é estimulante, e, se alguém fez uma coisa contra você, nada mais saudável do que odiar essa pessoa. Odeie muito e, se possível, verbalize seu ódio. A raiva evita infartos, gastrites, úlceras, e pessoas normais às vezes sentem ódio do marido, dos filhos, do pai, da mãe, do amigo, do chefe, da empregada e do mundo em geral – o que é ótimo, pois só os que sentem muita raiva são capazes de amar muito. E é aí que, às vezes, entram as vinganças, que são sempre por justa causa – ou você já quis se vingar de alguém que te mandou flores?
Eu, na verdade, sou de raivas violentas, mas de poucas vinganças – apesar de saber que desde o começo da humanidade vingança é coisa de mulher; inveja do pênis, inveja da mãe, que dorme com sua primeira paixão, o pai – e tome vingança.
Nem todas precisam ser feitas por nossas próprias mãos: às vezes a vida se encarrega disso, e a gente ainda pode achar que tem superpoderes mentais. Dar a outra face é patético e, cá entre nós: olho por olho é bem mais gostoso. Desde que o mundo é mundo, mulheres são melhores vingadoras do que homens, e qualquer uma sabe preparar, com suprema maestria, um míssil de maldades para o filho levar no fim de semana que vai passar com o pai e a nova mulher.
Mas atenção: não se deve confundir vingança, que é uma resposta a alguma coisa concreta e imperdoável que fizeram contra você, com inveja; inveja porque a outra é mais magra, mora no apartamento que você queria ter, namora os homens que você queria namorar. A inveja é um sentimento humano que não provoca vingança, necessariamente.
Alguns dizem que existe inveja boa e inveja ruim, será? As minhas são, todas, escandalosamente péssimas.
Vamos aos exemplos:
Eu tenho uma amiga que brigou com a síndica do prédio porque esta resolveu botar uma fechadura na portaria, outra na porta do elevador (no térreo) e outra nas portas do elevador, em cada andar – todas diferentes. Depois de anos de discussão sobre o absurdo da coisa, e sem resultado, sabe o que fez minha amiga? Desceu, na calada da noite, com dois tubos de Araldite, misturou as colas e entupiu a fechadura da porta do elevador (a do térreo). Grande confusão, uma assembleia extraordinária foi convocada, falaram horrores sobre o vandalismo de quem havia praticado tal ato (e minha amiga apoiou com veemência). A fechadura foi trocada, e ela repetiu a façanha. Isso aconteceu seis ou sete vezes, até que desistiram. Acho esse tipo de vingança um primor, a ser copiado e até aperfeiçoado, se for o caso.
Outra amiga tinha um namorado, e uma vadia resolveu dar um jantar e convidá-lo. Nesse dia, ela botou seu vestido mais sexy, fez o namorado beber bastante e se esquecer do mundo. Quando acordou no dia seguinte, ele se sentiu – com razão – o último dos gentlemen. Minha amiga, muito gentil, disse que ele deveria mandar umas flores, e até se prontificou a ir comprar, já que o namorado, de ressaca, não tinha condições. Com o cartão (escrito por ele) na bolsa, ela foi ao florista em frente ao cemitério e escolheu um buquê de palmas-de-santa-rita tingidas de azul-turquesa, o que sepultou qualquer intenção que a a outra tivesse em relação a ele; pode ser melhor?
Como sou muito sincera e honesta mas estou com a memória fraca (para o que não me interessa), devo dizer, a bem da verdade: não tenho certeza se essas histórias se passaram com uma amiga ou comigo mesma, o que, aliás, é irrelevante: pelo tempo, elas já prescreveram.
Existem também outros tipos de vinganças, a maior parte das quais dirigidas às piranhas que se engraçam com seu namorado, com seu ex-namorado, ou com qualquer homem que você pensou em namorar um dia. Nesses casos você não só pode como deve, distraidamente:
*grudar um chiclete na nova bolsa (Fendi) dela que custou 1 500 dólares;
*deixar um recado na secretária eletrônica convidando para uma grande festa a que todo mundo está louco para ir; como o nome dela não estará na lista da porta, ela será barrada;
*indicar um lugar maravilhoso na periferia onde se podem comprar roupas de grife por um preço ínfimo – e dar o endereço errado;
*dizer, com muita gente em volta: “Sua plástica ficou maravilhosa”;
*lembrar, na presença do novo namorado dela, da noite em que ela bebeu demais e teve que sair carregada; mas isso tem tanto tempo, foi nos anos 50 – lembra, meu bem?

Se nada disso aplacar seu ódio, fure o olho dela – sempre haverá alguém que vai compreender. Eu, por exemplo.
E tem a melhor de todas, que é a vingança construtiva. É aquela que te faz pensar: “Ah, é? Pois agora ele (ou ela) vai ver”, e a partir daí conseguir vitórias extraordinárias no trabalho, na vida afetiva, na aparência física, e chegar ao sucesso, enfim – ou à paz total. Quem foi que disse que viver bem é a maior vingança?"

( Danuza Leão em Na sala com Danuza )

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Andrea Busfield - a inglesa que descobriu Cabul



"Até o ano passado, eu morava em Cabul. Para o mundo exterior a capital do Afeganistão era uma cidade despedaçada, já que o Talebã havia voltado à cena com uma série de ataques suicidas. Todo mundo acreditava que a comunidade de expatriados estivesse vivendo com medo. Mas a liberdade era muito diferente. Cabul era divertida.


Ao se libertar do regime fundamentalista após o 11 de setembro, a capital pulsava vida e possibilidades. Homens jovens não mais escondiam rostos bonitos atrás de barbas do comprimento de um palmo, e mulheres podiam andar livremente pela cidade, estudar e trabalhar pela primeira vez em anos. Shopping centers surgiam por todos os lados, restaurantes ficavam mais sofisticados, bares abriam e funcionários de ONGs ocidentais chegavam aos milhares. O Afeganistão prometia oportunidades, salários sem impostos e animação.


Em 2005, virei editora do jornal quinzenal afegão Sada-e Azadi (A Voz da Liberdade) - publicação financiada pela International Security Assistance Force (Isaf), ligada à Otan. A premissa era simples: 16 páginas documentando o esforço de reconstrução, para encorajar apoio ao governo e seus patrocinadores militares. O trabalho era um meio para alcançar um fim - eu estava louca para me mudar para lá desde que fora enviada por um jornal britânico para cobrir a Guerra do Terror. O país é de tirar o fôlego de tão bonito e seu povo, orgulhoso, impetuoso e valente.


Eu sabia dos desafios que poderia enfrentar sendo uma ocidental em um país islâmico precariamente equilibrado entre a recuperação e a recaída. Tive o cuidado de respeitar os costumes e aprendi o idioma. Mas a maioria dos afegãos não era hostil com ocidentais. Quando os homens me olhavam, era por curiosidade, e não male-violência. Nunca me fizeram sentir indesejável ou vulnerável, e é por isso que recusei a hospedagem gratuita oferecida atrás dos muros com arame farpado da Isaf. Planejava passar ao menos dois anos no Afeganistão. E dividir um contêiner com outra expatriada não me pareceu ideal. Então contratei um motorista e um cozinheiro e aluguei uma casa em Wazir Akbar Khan, um subúrbio relativamente luxuoso que abrigava embaixadas, ONGs e bons restaurantes.


Quando me mudei, a primavera havia chegado, e eu estava mais feliz que nunca. Tinha um cachorro, Blister, uma casa de dois andares em frente a um restaurante tailândes, um empregado para cozinhar, um emprego decente e um celular que tocava o tempo todo com fofocas e convites. Cabul me deu uma vida com a qual nunca havia sonhado. O que não quer dizer que não tivesse suas dificuldades. A eletricidade era uma visita rara que aparecia durante cinco horas por noite a cada 48 horas, e o barulho de geradores era uma constante. Estando a 1.800 metros acima do nível do mar, os invernos eram exepcionalmente severos, chegando a -20ºC ao ar livre e -15ºC dentro de casa. Canos congelavam, descargas pifavam e o aquecimento era um perigo. Certa noite meu aquecedor a diesel explodiu, assutando os vizinhos, que acreditavam ter ouvido um ataque Talibã.


Quando a neve derretia, tudo mudava. No centro, a Chicken Street se agitava com os ocidentais negociando tapetes persas, lenços, chapéus pakoul e armas antigas. Nas minhas folgas, encontrava minhas melhores amigas - Frauke, 39, holandesa que trabalhava em uma ONG, e Rachel, 35, produtora da BBC. Almoçávamos no Le Bistro antes de passear pelas lojas para procurar lenços, túnicas e cosméticos, o tempo todo seguidas por crianças oferencendo serviços de carregadores de sacolas. Mas era quando o sol se punha e a chamada para a oração se extiguia que a cidade ficava mágica. Lojas enfeitadas com lâmpadas brilhantes conferiam às noites um ar festivo, o aroma do carvão em brasa das barracas de kebab viajava pelas ruas e Land Cruisers enchiam as avenidas, levando pessoas aos bares. À noite, trocávamos nossos lenços por decotes, colocávamos batom e íamos para nosso lugares favorito, o L'Atmosphère, o Gandamack e o La Cantina (o Afeganistão é um país islâmico, mas a proibição de bebidas alcoólicas se aplica somente a muçulmanos). Os principais assuntos entre mulheres eram cabelo, depilação e homens. A vida era normal. Mesmo em Cabul.


Um dia típico começava às 7h, quando era acordada com café por meu cozinheiro, Mohammad Sharif. Às 7h45, pulava no Toyota Corolla guiado habilmente por meu motorista, Sharabdin, pelos terríveis congestionamentos. Às 8h chegava à sede da Isaf e participava da "conferência" - uma reunião diária para emitir ordens e recontar incidentes hostis. Em seguida, começavam os trabalhos no jornal, mas como a publicação inteira podia ser escrita em dois dias, o tempo era geralmente gasto discutindo lugares para almoçar, indo tomas um café e planejando maneiras de deixar o escritório cedo.


Em maio de 2006, o governo afegãoassinou um toque de recolher após uma colisão fatal no norte de Cabul envolvendo um caminhão militar dos EUA. Na época, em vez de ter medo, a comunidadeficou irritada pelo horário limite de 22h para sair à rua. Felizmente, a novidade não durou, e depois de uma semana a piscina do L'Atmosphère estava de novo cheia de mulheres de biquíni. Não se tratava de bravata, os veteranos de Cabul realmente acreditavam que tinham pouco a temer. Todos admitiam que havia um risco, mas a maioria dos crimes cometidos contra a comunidade estrangeira era oportunista, não planejada, e então o sentimentogeral era que a vítima estava no "lugar errado na hora errada". Não importava o que acontecesse, as festas nunca paravam.


E então, no outono de 2006, algo para o qual estava totalmente despreparada aconteceu: me apaixonei. Lorenz era capitão do exército austríaco e fora transferido para a seção humanitária da Isaf. Ainda que admitisse que ele era bonito, era um soldado e, portanto, pouco interessante para mim. Até que numa noite passei no L'Atmosphère e o encontrei tomando cerveja em roupas civis...


Pela primeira vez no Afeganistão, vivi não como uma solteira - me esquivando de perguntas curiosas sobre quando planejava ter filhos -, mas como um casal. Apesar da ameaça de demissão, Lorenz escapava do acampamento da Isaf todas as noites e dormia na minha casa. Mohammad Sharif ficou horrorizado inicialmente, mas logo gostou de Lorenz. Enquanto Lorenz estava em Cabul, vi a cidade com novos olhos. Alugamos uma Land Cruiser e dirigíamos pela trilha turística visitando a estrutura bombardeada do Palácio Darul Aman, o espetacular Jardim de Babur, e a livraria Shah M (de O Livreiro de Cabul).


Quando chegou a hora de Lorenz partir, sabia que minha temporada em Cabul também chegava ao fim. em janeiro de 2008 pedi demissão e comecei a triste tarefa de dizer adeus. Naquele mesmo mês, o Serena Hotel, supostamente à prova de bombas, foi atacado. Seis pessoas morreram e outras seis ficaram feridas, e o incidente caiu como uma granada no colo da comunidade de expatriados. Embaixadas impuseram toque de recolher imediato, e Cabul se tornou uma cidade-fantasma. Sair agora parecia uma traição. Enquanto dividia meu móveis entre Mohammad Sharif e Sharabdin, me enchia de tristeza. O Afeganistão havia sido generoso comigo: fui para lá solteira e curiosa, e parti dois anos e meio depois mais sábia, com um cachorro e um namorado. Um dia irei voltar - talvez com os filhos que meus amigos afegãos tanto desejaram para mim. Inshallah."


( Artigo para a revista Vogue - Abril/2009 )

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Tony Duran



É tudo tão lindo, inquestionável e de tamanho bom gosto que fica até difícil de escrever sobre ou escolher duas imagens que sejam para ilustrar.
Vale muito a pena olhar cada ensaio.

domingo, 19 de abril de 2009

Geographer


Foi no meio de uma compilação compartilhada generosamente por Marianna Colorsbleed que descobri essa banda Californiana. O mesmo disco que me fez despertar para Anjulie, falada e comentada há algumas postagens atrás, me fez descobrir Geographer.
Foi "Rushing in, rushing out", a música que faz parte da coletânea sobre o Sundance Festival 2009, que me coçou a nuca. E como em muitos casos pensei, "que bacana... vou atrás disso". Infelizmente há pouco sobre eles na web, mas não é nada que impeça de visitar o myspace dos caras. E quem conseguir uppar e/ou compartilhar, eu e muita gente (que eu sei) vamos agradecer. More. Beijometwita!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Anjulie


Canadense, a cantora vem sendo tida como a grande promessa do pop este ano. Também pudera, ela traz junto a si um conjunto de referências que fez o sucesso de M.I.A. e Santogold. Ou seja, ela mistura influências inusitadas ao bom e velho pop grudento e tem origens consideradas no mínimo “exóticas”. Em seu caso, ela é filha de imigrantes da Guiana.

Não é considerada nenhum sinônimo de beleza e se veste de maneira curiosa, o que vem sendo repetido pelas vozes femininas atuais, cada vez mais cheias de personalidade se afastando do estereótipo fashionista de antes. Com uma moda própria e ditada por elas, as moças brindam nossos olhos com bastante ousadia, baseando-se em experiências de vida.

Moradora de Los Angeles, ela vai ganhando terreno no cenário musical. Dois hits seus veem conquistando a web e rádios indie, Boom e Rain.
Mas o disco tem mais. Anjulie apresenta um repertório baseado no soul, pop dos anos 60 e hip-hop. E como compositora não tem nenhum pudor de se abrir em suas letras. Só uma coisa se vale notar, o disco se perde em algumas faixas. Dessas que poderíamos chamar de "baladas". Com certeza, coisas que poderiam ter ficado pra escanteio.




Anjulie - Boom (2009)

1. Boom
2. Rain
3. Some Dumb Whore
4. Addicted2Me
5. Crazy That Way (Intro)
6. Crazy That Way
7. Fatal Attraction
8. The Heat
9. Colombia
10. Same Damn Thing
11. Love Songs
12. Day Will Soon Come

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Teatro em banda larga


















Em vários estados do Brasil, inúmeros espetáculos estão em cartaz. Seja nas ruas, em arenas, ou grandes anfiteatros, as reclamações do público são sempre as mesmas: o preço do ingresso e as filas.
É partindo dessa premissa que o grupo Teatro para Alguém, o primeiro grupo completamente virtual brasileiro, com uma produção de peças para veiculação exclusiva na web, vem levantando a bandeira da democratização da art e com uma programação composta por peças, mini-performances e seriados.


Nascido em 2008, o projeto começou quando a atriz Renata Jesion , resolveu fazer de sua sala de estar o próprio palco. Ao perceber que suas peças não atingiam lotação máxima, mesmo quando estava em evidência, decidiu produzir um "teatro para ninguém", ou melhor, para alguém que quisesse vê-la a qualquer momento, sem precisar ir ao teatro, cinema ou ligar a televisão.
Munida de recursos próprios e ajuda de alguns amigos, montou toda a infraestrutura necessária: uma câmera digital, refletores e a criação do site, no qual são apresentadas as peças online, com atores, diretores e textos voltados especialmente para a web. "Nunca fui muito ligada em Internet. O projeto surgiu da ideia de encenar peças de autores que eu admiro muito. A era digital torna isso muito mais fácil. Me preocupo em fazer uma coisa com qualidade e conteúdo", diz Renata.
Diferente do que se imagina, no Teatro para Alguém, não há improviso. Os atores costumam levar cerca de dois meses ensaiando, até que o trabalho seja gravado, ou apresentado ao vivo. Como em qualquer peça, o elenco varia de acordo com o enredo, interpretado por um grupo de cinco a seis pessoas, que encenam as histórias escritas por autores convidados.




Entre figurantes, câmeras e meses de ensaio, as produções ficam disponíveis no site. São todas gravadas no mesmo cômodo, sem ambientes externos, pois segundo Renata, isso dispersaria a essência do teatro. "Não é porque está na Internet que precisa ser capenga. Eu prefiro encenar no palco. Mas tem gente que não gosta de sair de casa, ou não tem acesso a um teatro de qualidade. A mídia digital é importante para isso".
O esmero é evidente. Uma equipe de audiovisual completa, comandada por diretores de fotografia e editores, acompanha de perto toda a produção. "A preocupação é mostrar uma montagem de qualidade. Nossa dificuldade é com o provedor, que comporta somente 100 espectadores em apresentações ao vivo".

Mas como toda trupe de teatro, o grupo também possui suas dificuldades (leia-se problemas financeiros). Atores convidados e colaboradores recebem uma pequena ajuda de custo, obtida através de patrocínios. Devido ao seu formato novo, o mercado corporativo ainda sente receio de investir no projeto.
Com gastos de cerca de R$ 15 mil por espetáculo inédito, o Teatro para Alguém viu seu caixa esvaziar de R$ 40 mil para R$ 3 mil. Procurando investimentos, Renata destaca o custo benefício para as artes cências online. "O valor para realizarmos 72 produções em um ano, equivale ao que uma grande emissora investe num episódio de minissérie".



Entre as críticas e as dificuldades, a proposta do grupo continua sólida: democratizar a cultura. Mas e quanto ao teatro tradicional? Dá para competir? De acordo com a idealizadora, cada um tem seu devido espaço. As diferenças são visíveis. A começar pela ausência de plateia real, que nesse caso, se manifesta através dos comentários feitos no próprio site. Ou seja, a falta da pulsação do público com o artista.


Para resolver esse problema, o grupo aposta em manter a mesma rotina normal do teatro, mas com menos intensidade e apresentações por semana, como costumam fazer as companhias que se apresentam offline. "Espero conseguir continuar produzindo. Acho que a mídia digital está aí para isso mesmo. É mais um canal para a gente se expressar, mostrar o trabalho e transmitir cultura. Não temos a pretensão de ofuscar o teatro tradicional", acrescentou Renata.

domingo, 12 de abril de 2009

Guster - Ganging Up On The Sun


Guster é uma banda indie/folk/pop, há mais de dez anos na estrada. Fazem músicas simples, com instrumentos tradicionais, sem muita produção/maquiagem de som. É uma banda que soa tão bem em estúdio como ao vivo.

Guster - Ganging Up On The Sun (2006)
1. Lightning Rod
2. Satellilte
3. Manifest Destiny
4. One Man Wrecking Machine
5. Captain, The
6. The New Underground
7. Ruby Falls
8. C'Mon
9. Empire State
10. Dear Valentine
11. The Beginning Of The End
12. Hang On

Mariana Aydar lança elogiado segundo disco


"Peixes, pássaros, pessoas" é o título do segundo disco de Mariana Aydar. A novidade foi produzida por Kassin e por Duani, antigo parceiro da cantora e baterista, revelando-se tão seu autor como Mariana. O disco reúne 13 faixas inéditas. Entre elas, um dueto com Zeca Pagodinho e um encontro com a caboverdiana Mayra Andrade.
Caetano Veloso escreveu o release do disco e não poupou elogios à cantora. Além de atentar para a importância da modernização da música brasileira.
"Há quem veja pouca importância ou novidade no aparecimento de uma geração de jovens cantoras atraídas pelo samba. Em geral são pessoas que confundem importância com novidade e que não sabem onde há novidade de fato. Para mim é novidade que haja Mariana, com sua voz desaforada e tranquila reafirmando a riqueza do canto das mulheres em nosso país. E que o faça de uma perspectiva naturalmente moderna e relaxadamente consciente dessa modernidade.”
Segundo ele, “Peixes, pássaros, pessoas” tem enorme vínculo com o samba mas não recebe tal rótulo. Forró, e baladas também estão ali. "É a atração irresistível pelo samba que orienta o estilo e o repertório, não uma decisão pré-existente nesse sentido", afirma.
Cada faixa vale quanto pesa, independentemente da grife que a assina. Esse parâmetro faz do disco um terreno fértil para que música realmente nova aconteça. E ela brota por todos os cantos. Sensual em "Beleza" (da promissora dupla Luisa Maita/Rodrigo Campos), cantada em belo dueto com a Mayra Andrade.
Nordestina e ecológica em "Tá?" (Carlos Rennó/Pedro Luís/Roberta Sá). Enigmática em "Nada Disso É pra Você" (Rômulo Fróes/ Clima).
Psicodélica em "Tudo que Eu Trago no Bolso" (Nuno Ramos/Kavita pseudônimo da Mariana compositora), que fecha o álbum com sua harmonia desconstruída pela guitarra lendária de Lanny Gordin.

fonte: /ilustrada

www.myspace.com/marianaaydar